terça-feira, 26 de julho de 2011

Explicação artística da cerimônia de “Arati”

O Arati é uma cerimonia de adoração e agradecimento a Divindade (Deus). Consiste em uma oferenda de diversos elementos nobres da natureza: incenso e flores que provém da terra, mechinha de ghee com a qual se produz um fogo, o leque e a chamara com o qual se oferece vento, um búzio com o qual se oferece água e um delicado lenço.


A mecha de ghee


O ghee é considerado na Cultura Védica um ingrediente muito valioso, por isso quando oferecemos ghee significa que damos o melhor de nós, o mais valioso: nosso coração, nossa alma. Este mundo material nos faz pensar: ‘’aproximar-nos de Deus e nos entregar ao mundo da fé vai colocar muita coisa em risco e não vamos ganhar nada valioso’’, no entanto os Mestres de Yoga nos explicam que é justo o contrário, ou seja: não perdemos nada e ganhamos tudo, porque todas as coisas materiais são passageiras. Estamos destinados a perdê-las e ao nos entregar ao mundo da fé ganhamos a companhia de Deus que é a origem de tudo, e com isso ganhamos tudo. Esta mechinha de ghee é acesa e se oferece em forma de fogo, depois é levado a cada participante da cerimônia para que possam tocar com suas mãos e sentir a luz e calor desse fogo sagrado. Levando as mãos a sua cabeça em sinal de veneração, a luz do conhecimento espiritual que dissipa a escuridão da ignorância se manifesta e pedimos que essa luz possa nos iluminar sempre.

A flor e o incenso


Tanto a flor como o incenso são oferendas realizadas com elementos que provém da mãe Terra. A flor é considerada o sorriso de Deus que manifesta seu amor e doçura constantemente através de sua bela criação. A mãe natureza nos sustenta, encanta e cura enchendo nosso coração de agradecimento. Por isso oferecemos flores e incenso a Sri Krishna como um gesto de retribuição e devoção a Deus.


Como diz Krishna no Bhagavad Gita:

patram puspam phalam toyam

yo me bhaktya prayacchati

tad aham bhakty-upahrtam

asnami prayatamanah

“Se uma pessoa Me oferecer com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas e água, Eu aceitarei.”


Krishna é atmarama, auto-satisfeito, não precisa de nada, e é Isvara, o Senhor e propietário de tudo, o dono de tudo. Mas Ele bondosamente nos dá a oportunidade de poder desenvolver nosso amor por Ele através desta oferenda artística em que o ingrediente primordial é a atitude e sentimento de devoção. Essa devoção é irresistível para Krishna e é seu verdadeiro alimento como conta a seguinte história:

Krishna tinha fome então resolveu visitar a casa de um devoto muito simples chamado Vidura, no entanto na casa de Vidura só estava a sua esposa, então Krishna lhe disse: “Estou com fome, me dê algo para comer, por favor” e ela ficou muito feliz por saber que Krishna estava lhe visitando. Mas como ela era muito pobre não tinha nada para alimentá-lo exceto algumas bananas. Krishna se sentou e ela muito emocionada começou a descascar as bananas, removia as cascas e jogava a fruta fora dando só as cascas para Krishna. Ele pegava e comia as cascas com gosto e isto continuou até que Vidura junto com o sábio Narada chegaram. Quando viram esta cena: ela estava dando as cascas para Krishna e Ele comia com muita felicidade enquanto que as bananas estavam no chão. Então o sábio Narada percebeu que Krishna não estava comendo nem as cascas nem as bananas e sim o amor de sua querida devota. Este passatempo confirma que verdadeiramente o que encanta, alimenta e satifaz a Krishna é a devoção de seu devoto.

Assim todo participante da cerimonia de Arati tem a oportunidade de estimular o sentimento espiritual dentro de seu coração realizando orações devocionais e oferecendo seu amor a Sri Krishna.

A concha com agua e o lenço




Na cerimonia de Arati a água é oferecida dentro de uma concha enquanto se medita que realmente quem está realizando a oferenda e adoração é o Mestre Espiritual e que nós somos simples instrumentos que aspiramos ajudá-lo e assim servir todos os devotos puros que possuem amor divino e estão nadando no oceano de êxtase. Eles atingiram esse nível de êxtase espiritual porque realizaram constantemente orações e glorificações a Deus, na forma de cantos que louvam os santos nomes de Deus, dessa maneira eles desenvolveram um amor tão grande que não conseguiram contê-lo e sentiram a necessidade de distribuir esse amor espalhando-o ao mundo todo como se fosse uma inundação de amor, que inclusive banha ao próprio Sri Krishna. Na cerimonia de Arati oferecemos um banho em meditação a Sri Krishna oferecendo a agua contida na concha, posteriormente secamos o corpo de Sri Krishna em meditação oferecendo o lenço. Assim ao finalizar a oferenda se jogam gotas de esta água sagrada a todos os participantes da cerimonia para se banhar no amor de Sri Krishna e seus devotos puros.


A Chamara



A chamara é usada para afastar os mosquitos do altar, dessa maneira o intuito do arati é agradar a Sri Krishna evitando tudo o que O desagrade. Se diz que tudo que desagrada a Krishna é o orgulho. Existe um passatempo em que Srila Prabhupada nos conta sobre isto:

“As gopis foram abençoadas com toda a misericórdia da Suprema Personalidade de Deus, pois gozaram da companhia d’Ele sem uma mácula de vida sexual mundana.

Entretanto, aos poucos as gopis começaram a sentir-se muito orgulhosas, considerando-se as mulheres mais afortunadas do universo porque tinham sido favorecidas pela companhia de Krishna. O Senhor Krishna que é conhecido como Keshava, percebeu imediatamente o orgulho delas causado pela grande fortuna de estarem desfrutando d’Ele pessoalmente; e com o intuito de mostrar-lhes sua misericórdia sem causa, para conter-lhes o falso orgulho, Ele desapareceu imediatamente da cena exibindo Sua opulência de renuncia”

Este passatempo nos alerta sobre o perigo de perder Krishna por atuar com orgulho, ninguém gosta da companhía de uma pessoa orgulhosa, o Senhor Krishna não é a ecxeção. Na cerimonia de Arati nós temos a oportunidade de oferecer a Krishna aquilo que realmente lhe agrada; o esforço para sermos de coração inofensivo, respeitoso, humilde, amável, servicial e amoroso.

O leque


O leque é usado para abanar a Sri Krishna, assim realizamos uma oferenda com o elemento do vento, em que circula o éter. E a característica do éter é a música, por outro lado a característica do vento é o tato, assim o vento possui música e tato. portanto na cerimonia de Arati temos a oportunidade de agradar os sentidos de Sri Krishna com brisas refrescantes produzidas com o leque e temos a oportunidade de oferecer a canção do Arati que posui uma melodia propícia para estimular sentimentos devocionais. Todos podem participar cantando esta canção chamada Arati. O canto continua com o triunfante e glorioso Maha Mantra, (grande mantra) chamado assim por ser o mantra que nos outorga facilmente o mais elevado, liberação e amor divino. Existem 7 efeitos principais deste sagrado mantra:

1- Limpa o coração dos desejos egoístas.

2- Nos liberta do sofrimento transformando a consciência material em espiritual.

3- Traz auspiciosidade, boa fortuna, abrindo o coração e conectando-o com a riqueza espiritual.

4- Revela o conhecimento mais elevado, o conhecimento da autorealização e devoção.

5- Incrementa a nossa felicidade, nos dando a conexão com o êxtase espiritual a cada passo.

6- Permite saborear o néctar da imortalidade, a conexão plena com o amor eterno de Deus.

7-Limpa e purifica integralmente nosso ser, ou seja, limpa o corpo, a mente e o espírito.



Veja abaixo os horários das cerimonias de Arati:


Período da manha

4h - Levantar
5h - Mangala Arati (Cerimonia Auspiciosa) Adoração e agradecimento a Divindade.
5h20 - Sri Nrsimha Pranama. (Canto de Invocação ao aspecto protector de Deus)

5h30 - Sri Tulasi Kirtana (Canto de Invocação a deusa da devoção)

6h - Japa Mala (Meditação pessoal e introspectiva no Maha Mantra)

7h30 – Aula de Srimad Bhagavatam (estudo filosófico sobre o bhakti-yoga)

8h30 – Govinda Arati (Cerimonia de adoração a Govinda, aquele que da ‘’vinda’’, felicidade)

9h - Prasadam (Misericórdia). Café da manhã com alimentos oferecidos a Krishna e abençoados.

10h - Seva (servicio devocional, trabalho voluntário, desinteressado com intuito de despertar amor)


Período da tarde

11h30 – Bhoga Arati (Cerimonia de adoração posterior a grande oferenda de alimentos)

15h - Prasadam (Misericórdia, almoço com alimentos oferecidos a Krishna e abençoados)

16h - Seva (servicio devocional, trabalho voluntário, desinteressado com o intuito de despertar amor)



Período da noite

18h – Goura Arati (Cerimonia Dourada) Adoração ao aspecto da Misericórdia de Deus.

19h – Aula do Bhagavad Gita (O poema do Senhor Supremo) Estudo filosófico sobre a Bhakti.

21h - Nidra Yoga (O Yoga do Relaxamento) Momento para descansar e dormir.

Estas atividades são realizadas diariamente no Yoga Monastério do Centro Cultural Vrinda São Paulo e as portas estão abertas a quem quiser assistir as aulas e cerimonias nos diferentes horários durante o período do dia. No caso de alguém quiser pernoitar e ter uma experiência de 24 horas pedimos que façam sua solicitação através de uma entrevista com o monge résponsavel do Yoga Monastério, Mangala Swami, pelo email mangalaswami@gmail.com ou com Maha Rama das maharamad@gmail.com, Vocês podem ter uma experiência monástica durante um final de semana começando na Sexta feira de noite a partir das 19h ou 20h com aula de yoga inbound terminando no Domingo de noite, quando encerramos o retiro com o festival Indiano. Para este retiro de final de semana pedimos uma contribuição-doação de 60 reais para cobrir os gastos de alimentação, água, etc...

Os implementos que devem ser providenciados pelo voluntário para esta experiencia de Yoga Monastério são:

- Saco de dormir
- Isolante térmico ou colchonete.
- Almofada ou travesseiro, se necessário
- Artigos de higiene pessoal.
- Japa (terço para cantar mantras).
- Roupa confortável para prática de Yoga Inbound.
- Pijama.
-roupas adequadas para Yoga Monastério (evite roupas curtas, rasgadas, sujas, justas para manter a harmonia do Templo)

* Observação: Os Ashrams (quartos) são compartilhados com os voluntários que vivem no Yoga Monastério (separados em homens e mulheres). que vivem uma vida comunitária, propiciada pela disciplina e ensinamentos do Yoga. Também pede-se que todo voluntário estude e respeite o regulamento do Yoga Monastério.

Para saber mais informações sobre o Monastério de Yoga rural na fazenda Vrinda Bhumi acesse o seguinte site www.volunteeringvrindabhumi.blogspot.com e entre em contacto com Mohana pelo email: mohanamurti@gmail.com

quarta-feira, 6 de julho de 2011

significado do nome Mangala Swami


´´Bhaktivedanta Mangal Swami´´

Meu mestre espiritual foi muito misericordioso porque me deu de presente um nome espiritual que eu não mereço, este presente me ajuda a lembrar a Krishna a traves de sua qualidade ´´Mangala´´ que significa ´´ tudo nEle é auspicioso, positivo, esperançador´´ também significa que Krishna´´ possui todas as boas qualidades´´. O nome que meu mestre espiritual me deu também indica os divinos serviços que Ele me encomendou; deixar de ser um go-dasa (escravo dos sentidos) e me tornar algum dia um ´´Swami´´, ou seja conseguir controlar meus sentidos para me absorver no transcendental serviço de contribuir para que Brasil seja cada vez mais auspicioso (Mangala) invocando a presença do Senhor Krishna e seus queridos devotos puros.

Neste nome também esta a invocação de dois grandes Gurus; Srila Prabhupada e Srila Sridhar Maharaj. Srila Prabhupada quem é o verdadeiro ´´Bhaktivedanta´´, Ele na sua humildade dizia que não tinha nem Bhakti (devoção) nem Veda (conhecimento) mas todo mundo evidenciou que Ele foi um grande santo erudito, de uma devoção imaculada que logrou expandir o Movimento de Sankirtan (canto dos santos nomes) pelo mundo todo. Também neste nome esta a misericordia de Srila Sridhar Maharaj já que meu Guru me disse que minha iniciação de sannyas (cerimonia na qual recibi este nome) era um presente de Srila Sridhar Maharaj, o maior general da ordem renunciante de vida e reservatorio protector das conclusões da devoção pura.

Desta maneira aproveito de glorificar os grandes devotos do Senhor Krishna que me auxiliaram quando estava na mais escura ignorância e que seguem me tolerando mesmo sendo um aprendiz tolo e indiscapacitado.

Srila BA Paramadvaiti Swami Mahraraj ki jay
Srila Atulananda Acarya ki jay!
Srila BV Swami Prabhupada ki jay
Srila BR Sridhar Maharaj ki jay!

seu servo
dasanudasa ( aspirando servir o servo do servo)
Mangala Swami.

Arte Consciente

              Entrevista com Mangala Swami sobre Arte Consciente:


Qual conselho daria aos que estão entrando na Arte Consciente?
Meu conselho para os artistas é que sejam autênticos, que não sigam esse costume feio de querer agradar ao público fazendo o que esteja na moda, isso não é importante, devemos focar todo nosso esforço para conhecermos a nós mesmos e fazer algo que esteja de acordo com a demanda de nosso coração, se não seguimos o coração nunca seremos felizes, e a arte que foi feita sem sentir felicidade verdadeira não transmitirá uma beleza real, por isso o primeiro é conhecer a si mesmo e descobrir que em nosso coração está Deus e que existe uma relação eterna com Ele e compreender que Ele está em todas as partes e que essa descoberta nos permite entrar no misticismo de ver toda a Criação como uma obra do Artista Supremo. Dessa maneira, ao nos dispor respeitosamente ante a Criação, compreendemos que tudo é sagrado e podemos ser aceitos como videntes da verdade, logo sentiremos uma necessidade natural de ajudar a que outros também despertem essa consciência, assim nos tornamos verdadeiros ativistas da Arte Consciente, criando arte que promova a proteção a tudo que é vida, a tudo que é sagrado (animais, insetos, vegetais, minerais e todos ser vivo desta criação).


Quais são suas principais influências ao fazer sua arte consciente e por quê?
Como dizem os indígenas australianos: “falar deve ser somente para orar”, minhas influências são todos os músicos que cantam de coração e livre de aparências. Meus favoritos são os bhajans de Srila Paramadvaiti Swami e os kirtans de Srila Atulananda Acarya, Maharaj Damoradara, Maharaj Narayan, Srila Bhakti Ballabha Tirtha Maharaj, Kumara Vani e prabhu Aindra.



O que é Arte Consciente para você e como a expressa em suas obras?
Arte Consciente é a arte sábia, pois nunca senti estar em contato com algo tão belo como o canto de uma pessoa pura como Srila Paramadvaiti Swami, de quem emana amor genuíno livre do desejo de fama e posição, desejo material que traz essa desagradável atmosfera de competência e inveja, característica do meio artístico mundano, a diferença de estar com artistas de coração é uma conexão com aquela arte humilde e cheia de substâncias (amor e sabedoria) que tem a força para gerar uma revolução que possa mudar o mundo com a mensagem do Amor Universal. Eu expresso a arte consciente principalmente através de composições musicais, pinturas, murais e tento praticar a arte das relações cuidando amorosamente dos demais. 




Como se vinculou originalmente com o conceito de Arte Consciente?
Eu estudava no Conservatório da Universidade do Chile que se localizava justamente em frente ao Restaurante e Centro Cultural Vrinda, que frequentava desde o ano de 1997 como um cliente diário, ja que era o restaurante vegetariano perto das minhas salas de aula, até que no dia 29 de julho de 2000 me convidaram para escutar uma conferência de Srila Paramadvaiti Swami (fundador da Escola de Arte e Harmonia Consciente).
Entrei na sala de conferências e presenciei o que considerei a cena mais artística que havia visto na minha vida, o Swami estava cantando uma doce melodia que fazia todos se derreterem diante da doçura de um canto que vinha do mais profundo do seu coração e que transmitia um sentimento de alegria indescritível, era uma alegria forte e convincente. Inumeráveis devotos cantavam em resposta ao canto do Swami, todos contagiados desse êxtase, vestiam roupas típicas do vaishnavismo com tonalidades açafrão, branco e colorido, as cabeças reluzentes recém raspadas, a tudo isso se somava ao aroma de um suave e agradável incenso, e ainda havia belos quadros nas paredes com imagens dos passatempos de Krishna que me transportaram a outra dimensão, todos meus sentidos foram bombardeados de belas informações artísticas na forma de música, pinturas, roupas, cheiros e para finalizar, o cálido abraço do devoto recepcionista. Sentei e continuei contemplando esse espetáculo que me fez derreter e começar a chorar incessantemente pela emoção de estar frente a algo extraordinariamente bonito, logo me perguntei: Como pode existir uma felicidade tão plena e verdadeira? Qual é o significado de todo este ritual? O que eles pensam para se ver tão realizados? O que há por trás de tudo isso? Nesse mesmo momento começou a conferência e tive a oportunidade de escutar a conferência mais doce, sábia e revolucionária que havia escutado na minha vida, nesse momento todas minhas dúvidas acabaram e vi refletido todos meus sonhos ideais de beleza, amor, revolução e espiritualidade juntos naquele Swami, suas palavras, sua arte e sua família espiritual. Isso me fez sentir que não havia encontrado um líder de uma instituição religiosa, mas algo muito mais além, um genuíno revolucionário do amor espiritual com uma abordagem artística, visionária, vanguardista e realmente preocupado com os problemas sóciais e espirituais. Era a fonte de inspiração para realizar o que meu coração me pedia, mas que eu não me atrevia a realizar. Nesse momento meu coração sentiu a plena convicção de se unir a essa revolução e ser um dos discípulos daquele Swami. Terminei esse ano de faculdade e imediatamente fui viver em um Ashram daquele Swami, no dia 29 de dezembro de 2000, posteriormente, no dia 4 de fevereiro de 2001, tomei iniciação espiritual e sigo servindo com muita felicidade a este revolucionário do amor, Srila Bhakti Aloka Paramadvaiti Swami.
Viva a Arte Consciente! viva os artistas de coração!


Para conhecer mais sobre Arte Consciente, acesse:
http://cart-media.org/
http://cart-brasil.blogspot.com/
http://cartrecords.bandcamp.com/